Pô, eu escrevi o texto abaixo meio que na emoção, mas depois relendo me bateu aquela sensação ruim de “porra., meio mundo já falou e brigou por isso”, sabe? Mas decidi. Fodase. Essa é minha opinião e eu nunca falei disso, então é original porque é meu, porque é o que veio na cachola. Segue o baile.
Eu sempre penso nisso. Nesse título, nessa história.
Lembro de conversar longamente com o Lord HK sobre isso.
O funk, o pop, o rap, o hip hop.
Esses são os herdeiros do rock. Mais até do que o próprio rock.
Porque o rock ficou careta. Tá chato. Tá preconceituoso.
E não, não tô falando das raízes, mas de como a coisa foi virando só história. Um negócio engessado, que esqueceu do que existe além da gritaria, do percebido como autêntico, da raiva.
Chegamos ao tosco ponto do pessoal perguntar:
“Que Machine que eles tão com tanta raiva, afinal?”
“The Wall” é sobre construção civil?
Pô… ir num show do Roger Waters e vaiar o cara por falar o que ele sempre falou há 30 anos?
A faísca não morreu ali. Já morreu a muito tempo.
Mas ela é imortal. Sabe onde ela tá?
Nos moleques fazendo beat na quebrada, nos criadores de batidas frenéticas, explorando o FL Studio que baixaram pirata, igual 4 amigos tentando tocar Ramones na garagem explorando os pedais velhos que compraram.
Aquelas histórias não acabaram.
Só mudaram de lugar.
E quem é você, quem sou eu, pra dizer que o Lil Nas X não é punk?
Ele é glam rock em estado puro, desafiando regras de um sistema que quer engolir ele.
Lady Gaga também é.
Kendrick Lamar? Rock’n Roll total.
The Weeknd, cantando a própria tragédia, hedonismo, vida, morte e renascimento em três atos… Não é ópera rock pra você?
E o funk da gaiola?
A vibe, a energia, o sexualismo, os prazeres da carne e da vida…
Não é tão ACDC quanto The Jack?
Não é tão desejoso de noites e suor quanto os mela-cueca do KISS?
A alma do rock não morreu.
Ela só mudou de roupa. E de palco.
O rock tá aí, mas tá morto também.
Tá morto, mas vive.
E esse paradoxo é o drama que nunca sai da gente.
Ele vive nos CDs da Miley Cyrus, nas músicas e roupas da Billie Eilish, na literal Gaga.
Vive no funkeiro médio.
Continua também nas bandas de Rock que teimam em tocar
Nas meninas pegando guitarra.
Nos blocos de carnaval que saem porque querem falar, querem suar querem gritar sua liberdade e vida.
O rock foi definido por guitarra e distorção. Mas sempre foi mais.
É atitude. Era a chance de 4 pessoas loucas criarem, gritarem, botarem o sentimento no mundo.
E não é exatamente isso que um monte de gente faz hoje?
Então o rock tá em cada quebrada, em cada beat eletrônico com distorção, em cada explosão de raiva sincera.
O rock está morto.
Vida longa ao rock.
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