Publicado originalmente no Weebly em 27/02/2025
Caramba, fiz 33 anos. Não faço idéia do que vem depois disso. – Rafa, mas esse é o blog
———————
Cheguei nos meus 33 anos.
Apesar de cercado de amigos, parentes, e um pouco mais distante do que eu queria de várias pessoas, os 33 são uma idade esquisita, uma idade estranha, porque é a tal da “idade de cristo”.
Fui tentando entender se essa fala me pesaria, o que eu sentia ou se deveria sentir algo nessa fala de bingo que ouvi centenas de vezes essa semana.
Já “bati” o grupo dos 27, e agora o próprio Jesus Cristo. Acredito que há um peso cultural de que muita gente já chegou a própria idade de sucesso. Especialmente com as redes sociais criando pessoas cada vez mais famosas e mais jovens. Muitos mentirosos profissionais, ou influencers, mas sempre jovens e ricos e criando um pouco de mal-estar em seu próprio viver.
Marina não tinha muito disso, mas já vi no discurso dela que esse peso começa a bater nela também. Algo mágico acontece dentro da gente quando viramos 30.
As pressões sociais aumentam.
E não é a pressão boa.

A marina que foi um anjo nisso. Olha que presente fofo.
Neymar, a pessoa mais famosa com idade próxima a minha, é apenas uns dias mais velho que eu e está no fim da sua carreira. É inevitável fazer um paralelo mental. Pode parecer que é uma análise depreciativa, mas acho que já passei disso, a vida é além desses pequenos comparativos. Terão pessoas melhores que você, e algumas que não vão estar tão bem, mas é um paralelo estranho, o fim da “vida útil” do produto Neymar, enquanto eu me sinto um jovem no meu trabalho.
Essa vida útil útil é um ponto esquisito da nossa existência né? Alguns têm esse período útil tão jovens, muitas vezes ainda crianças, e depois têm que viver com esse peso de aprender o que é ser eles mesmo depois na vida. Eu não sei como eles lidariam com isso. Outros ainda só tem essa iluminação muito mais tarde na vida, e não sei como lidam com isso, até o momento. Será que acreditam que estão apenas aguardando o momento certo? De qualquer forma, é uma vida diferente, complexa.
Como todas, né?
Inclusive, é estranho mudar, não ser o mais jovem da equipe.
Mudar, não ser mais o mais jovem da equipe… essa sensação é realmente distinta para mim. Sempre me acostumei a essa posição: o mais novo do grupo, da faculdade, da escola, do trabalho… Mas na faculdade de relações públicas já não era assim, estava entre os mais velhos. Agora no trabalho, também me vejo no meio do pelotão. Uma sensação nova, no mínimo.
Mas agora, vendo o outro lado, percebo que a realidade é mais complexa e que as vezes um pouco de idade ajuda, saber os atalhos, os caminhos.
Quem diria que eu ficaria assim.
Até já comentei aqui o quanto que a existência da nostalgia começa a me pegar. Recentemente tive uma crise, comprei um GameBoy, um Nintendo 64 e um Gamecube, para ver se sentia algo.
E eu senti, viu.
Mas acho que a sensação de pegar “de volta” muito do que eu sentia, as emoções ligadas à ela eram mais fortes do que o jogo. Já que eles, em si, eu joguei uma centena de vezes, mas a sensação deles estarem ali de volta, nas cores e formas que você se lembra são muitas vezes algo diferente. Na hora que o o meu Gameboy Kiwi voltou para o Pokémon Silver foi como um encontro de vida. Estranho, mas perfeito.
Só que eu não joguei nenhum deles até agora. Um pouco do Cube, mas no sonho e na ansiedade era mais vontade do que necessário pra jogar
Ou será que não?
A realidade é mais complexa, e essa falta de tempo, de saco e de geral esforço para fazer tudo isso me pega as vezes.
Ainda não platinei FF-x2, nem comecei alguns e não terminei minha interminável pilha de Pokémons que não terminei.
Temos essa idealização maluca né?
Que temos que fazer tudo.
Eu mesmo me cobro muito, e foi um baita tema, inclusive no meu psicólogo sobre eu não precisar ser competitivo no meu tempo livre. Como é difícil essa vida, como ser eu mesmo e ainda ver, ler e acompanhar tudo.
Queria ter visto os filmes do Oscar, mas não vi ainda nem o “Ainda Estou Aqui”. O filme está ali, inclusive.
Mas meio que isso liga ao fato de eu estar de novo no meu Blecaute de mídias sociais. Eu fiquei bem chateado com a forma que o Zuckenberg reagiu à eleição do Trump e retirada de esforços de valorização de pessoas LGBTQIA+, e saí das redes dele (exceto o Whatsapp pq acho que nem dá). Aí fui pro bluesky, e vi que as notícias, a forma, e tudo tava me deprimindo, e decidi fazer num blecaute. Surpreendentemente bom, mas preciso de uma forma de ver notícias. Ouço uns podcasts de manhã dirigindo.
Eu realmente acho que não somos prontos para esse VOLUME massivo de informações opiniões e todo mundo ao mesmo tempo. Não sei bem explicar como vamos lidar com isso, mas eu por enquanto vou me fechar. Surpreendentemente, sinto pouca falta.
Uma coisa que vai ser muito importante, e lembro da Nina, minha professora das Relações Públicas da UNA, é que no futuro (que já chegou), a habilidade mais importante da internet é a curadoria. A internet tem coisa demais a essa altura. Um bom e confiante curador será absolutamente essencial.

Eu correndo. Eu tentando bater a vida que costuma voar.
Nesse meio-tempo, eu continuei meus esforços… fitness. E intensificou. Academia, basquete, corrida, corrida de rua. Ainda não consegui chegar no peso ou onde eu queria, mas lentamente sei que está melhorando. Eu aumentei tudo pra ver se perdia peso (perdi) pra ser mais elogiado (fui!)
Mas sei lá, não é uma sensação perfeitamente boa. Eu sei que ainda não to onde quero, sei que muito do elogio de estar magro é pressão da sociedade, mas é bom me ver assim. Essa dualidade é uma merda. Ao mesmo tempo, reconheço que essa busca por saúde é válida, especialmente considerando o histórico familiar de diabetes dos meus pais, que sofreram com problemas de saúde devido a hábitos ruins. Eu estou tentando trilhar um caminho diferente.
Esse trecho acima seria completamente louvável se eu estivesse fazendo um exame, um esforço real nesse sentido. Mas na real apenas estou fazendo pelo visual. Se a qualidade de vida melhorar, é um agradável bônus.
Mas eu penso em tudo, no consumismo, em como eu estou melhorando meus números na corrida, no trabalho, no carnaval, na marina, se meu mijo está fedorento, será que é diabetes?
Será que eu troco meu relógio num Garmin?
Talvez.
Deixe um comentário