RAFAEL

Meu nome é Rafael, mas pode me chamar de Rafinha. Aqui eu escrevo o que parece verdade na hora. Se amanhã eu discordar de mim mesmo, parabéns pra mim: evoluí ou pirei mais um pouco.

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O Carro

Esse poema é irmão de outro texto meu: Sobre as verdades que eu nunca soube. Não compartilham frases, mas nasceram do mesmo lugar. Um é direto. O outro, metáfora. Ambos tentam entender o que vibra dentro do peito quando mentimos para nós mesmos.


Giro a chave no contato. Um familiar engasgo.
Mesma teimosia espelhada no retrovisor.
Deito o banco, e no quente céu, onde as linhas de calor dançam,
arrependimentos voam sobre o carro, cada vez mais próximos.
Ligo o som e uma melodia antiga preenche o ar.

Volto a girar a ignição.
Ele respira.
Ele me obedece.
No que minha alma sempre soube.
Ele não anda no silêncio.

O motor não entende palavras. Responde a vibrações.
O silêncio chama os arrependimentos.

O motor pulsa em um peito quente.
A música desperta a vibração que mora em si,
A melodia sem nome, minha centelha, perdida nas areias do tempo.
E não importa.

Você segue estrada afora,
sintonizado na 103.5, frequência da própria Alvorada que acompanha a manhã.
Horas e horas andando, até o combustível acabar.
O silêncio e o escuro voltam, inevitáveis.
Mas o tempo, implacável, traz os primeiros raios de sol.

Na rádio, minha própria voz pergunta:

Você vai se sintonizar com a Rádio hoje?
Até onde esse carro vai me levar?

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